Agradecimentos x dedicatória: você sabe a diferença?
Pensando em agradecer a Deus? Não faça isso antes de ler este post.
Está logo ali, na ABNT, mas nem sempre a gente presta atenção:
Ok, mas… Na prática, qual é mesmo a diferença?
A diferença é simples: os agradecimentos constituem uma parte formal do trabalho acadêmico. Por isso, só se pode mencionar quem contribuiu para o trabalho em si (seja ele artigo, tese, dissertação, monografia, livro). É o caso daquele colega gente boa que ajudou você na coleta ou no tratamento dos dados, do pesquisador que topou discutir seus resultados num congresso, de uma agência financiadora, e assim por diante. Mas atenção à regra de ouro: o sujeito deve ter feito contribuição relevante para o seu trabalho, e não para sua rotina familiar, sua saúde emocional ou outras questões pessoais.
Agradeça a seu orientador. Foi ele quem segurou sua mão e puxou sua orelha a cada etapa da pesquisa. Nada mais elegante que fazer esse gesto público de reconhecimento a ele.
Ai, você tá falando sério?
Seriíssimo. Aliás, isso é tão sério que alguns periódicos exigem que o autor apresente uma autorização da pessoa para mencionar o nome dela nos agradecimentos – que, por sua vez, devem especificar a contribuição recebida. Assim, por exemplo:
“Agradeço a Fulano de Tal, que revisou o projeto desta pesquisa.”
Essa é, inclusive, a prática recomendada pelo importante International Committee of Medical Journal Editors. Exagero? Não. É que estão em jogo, nos agradecimentos, responsabilidades e assentimento com o que está dito pelo autor.
Mas então onde eu “agradeço” a Deus?
Na dedicatória, claro! Esse é o espaço reservado para homenagens: dedique seu trabalho àquele tanto de gente querida que compreendeu sua ausência nos eventos sociais, sua cara de cansaço, sua falta de assunto pra temas que não fossem sua pesquisa. Gato, cachorro, papagaio, vô, vizinho: pode mencionar! Deus, deusas, orixás? Também pode. Homenageie quem você quiser, estamos no território dos afetos. Abra seu coração!
Só um parêntese. Você já deve ter notado como é fácil a página de dedicatória acabar ficando meio cafona… faz parte! Mas temperança sempre cai bem, não é mesmo? Fique tranquilo: você não precisa mencionar aquele namorico que você ainda desconhece se vai permanecer na sua vida daqui a dois, cinco, dez anos. Nem dedicar sua obra a desafetos, só por conveniência ou educação.
Na dúvida, não dedique. Assim como os agradecimentos, as dedicatórias são um elemento opcional no texto acadêmico. Não há nada de errado no silêncio.
Verdade seja dita: redigir uma boa dedicatória é uma arte. Já se encantou com as dedicatórias de Guimarães Rosa a seu editor, José Olympio?
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Relato útil para qualificar as introdutórias de um trabalho com seriedade.
Grato
ótimas dicas, importante para um bom trabalho.
Gostei da dica, contribuiu bastante para minha escrita. Obrigada!
Estou lançando meus dois primeiros livros de poemas, um para crianças e outro com poesias mais reflexívas.
Foi muito boa as dicas.
Foi útil sim e, com uma informação simples e ao mesmo tempo relevante.
Gostei da dica
Gostei do texto, só faltou dizer quem vem primeiro no texto: agradecimentos ou dedicatória? Deve ter isso na ABNT, vou pesquisar. Vou divulgar seu texto, parabéns! Sou bacharel em Letras (português) desde 2012 e revisor textual freelancer desde 2000. Se puder visite também meu blog e deixe um feedback: http://www.tonyrevisor.wordpress.com. Abraços!
Fico feliz que tenha sido útil, Tony!
Segundo a ABNT (NBR 14724:2011 – Apresentação de Trabalhos Acadêmicos), vem primeiro a Dedicatória, depois os Agradecimentos. Vale lembrar que ambos são opcionais 😉